Maquiagem: adorno e exagero

segunda-feira, julho 03, 2017

Eu fico apavorada de como a maquiagem deixou de ser usada para ressaltar a beleza do rosto ou corrigir pequenas imperfeições, e passou a ser usada para chamar a atenção para ela em si. É a maquiagem em função da própria maquiagem, da técnica empregada. Ela se transformou em algo para que vejam não como a mulher está bonita maquiada ou até como ela se maquia bem, digamos, e sim para que todos notem a própria maquiagem, como a pintura de um quadro. A maquiagem, nesse sentido, não é mais um recurso para adornar a mulher.

Esta, sim, é uma maquiagem bem feita e natural. 
Com a incrível Olivia Palermo, que tanto me inspira.


Mal comparando, a maquiagem hoje em dia é como essas roupas extravagantes que alguns estilistas criam e colocam por cima de modelos exageradamente magras, porque querem que apareça mais a roupa do que o conjunto dela na própria pessoa. O que desejam, com essa estética magérrima em que se ressalta mais a roupa do que a modelo é chamar a atenção apenas para a roupa. Evidentemente, um estilista quer vender sua roupa. É óbvio que é necessário que a roupa seja notada. Não critico isso. Critico o exagero. Ninguém mais presta a atenção na roupa com a pessoa, mas apenas na roupa e a modelo esquelética é um mero cabide ambulante. Não podemos, nesse sentido, mais nos admirar e dizer algo como "Nossa, que bonita que ficou a modelo com essa roupa, como essa peça combinou com ela." Notem que o rosto da modelo é excessivamente sério, é um rosto fechado, uma roupa enorme e desproporcional em relação ao corpo minúsculo. Tudo para que só a roupa apareça. O problema não é a roupa aparecer, é quase só ela aparecer. Estamos voltando a uma era de exageros, cheia de rococós desnecessários. 

Vemos essas maquiagens exageradas, levamos um susto e não sabemos se a pessoa está pronta, às dez da manhã, para um baile de debutantes, ou se ela vai, daquele jeito mesmo, simplesmente fazer compras no supermercado. É tudo tão demasiado, cheio de contornos de rosto, com tanto jogo de corretivos, iluminadores e bases, que fica até complicado, no meio disso tudo distinguir os traços naturais da pessoa que usou tal maquiagem. 

Maquiagem elegante que cumpre a sua função.

Essa tendência de usar uma maquiagem absolutamente descomedida, quase estilo drag queen, surge, penso eu, como uma resposta a outro erro, o desleixo que tomou conta da sociedade atual (no vestir, no agir, na falta de refinamento, no não saber receber bem visitas, no abandono da etiqueta, no culto do feio na arte, no qualquer coisa com som ser chamada de música). Um exagero respondido com outro. Um excesso que tenta corrigir outro. E com isso perde-se o justo meio. Não o meio-termo "em cima do muro", mas aquele meio-termo motivado pela boa formação. 

Os exageros puxando outros para se contraporem são bem característicos do tempo moderno. Não temos mais equilíbrio, a virtude da prudência, tão cara a uma cosmovisão cristã, é na prática abandonada. Ou aquela mãe com um coque mal feito, que nem se penteou direito, vai de calça de moletom e cara lavada ao supermercado, com olheiras nos pés, porque acha que é normal andar assim e os outros têm obrigação de entender a vida dela, e querendo sempre ser a "sofrenilda". Ou, ao contrário, é a verdadeira perua que gasta horas de sua manhã em frente ao espelho, e sai de sua bancada mais rebocada do que o Patati e o Patatá, uma verdadeira caricatura de mulher. Aliás, é tão caricato que antes os travestis exageravam os traços femininos e todos sabiam que não se tratava de uma mulher geneticamente considerada, e hoje muitas mulheres parece que, em vez de dignificar a sua feminilidade natural pelo uso correto e racional da maquiagem, querem se parecer com os travestis.

É mais um fenômeno de nossa sociedade tão propensa ao oito ou oitenta... Qual será a nossa resposta como mulheres cristãs?

Maquiar-se bem é uma arte! Mas que todas podem aprender.

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2 comentários

  1. Eu acho que para vender essas modas estranhas usa-se beleza da modelo em vez da própria roupa. Qualquer roupa fica bem quando se tem 16 anos. Quão mais magra, mais fácil a roupa cair bem.
    Analisando esses anúncios publicitários de roupas, são bonitos no quadro geral, são. Mas só consigo achar a jovenzinha bonita e normalmente ela é tão bonita que consegue amenizar a feiúra da roupa. Ela seria bonita até usando um saco de lixo. Aí colocam aquela roupa tresloucada na criatura. Compensam com maquiagem, iluminação e photoshop.
    Outra crítica que tenho a essas modas é que não é a roupa, mas o pedaço da carne que se colocará na vitrine. "Para hoje temos nádegas com jeans esfiapado" "próxima estação tem tetas com tons neons" "cintura alta com nádegas a mostra",... E assim vai. A melhor grife é a cujo caimento melhor exalta a nudez.
    Quanto a maquiagem só posso concordar.

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  2. Como sempre, muito lúcida! Adoro estes posts de formação.
    Sobre a maquiagem, admito que sou apaixonada; sigo muitos blogs e participo de grupos sobre o assunto. Ultimamente, estão na moda os grafismos exagerados, os contornos que deformam o rosto. Há de se considerar que a maquiagem é uma arte e muito nela se faz puramente para isso (o artístico), mas que a cultura do exagero está aí, não se pode negar.
    Recomendo muito os vídeos da Lisa Eldridge, uma maquiadora inglesa que inclusive maquia celebridades. O bom gosto impera nela.

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