Moda campeira, ou “rural-chique”

quarta-feira, junho 01, 2011

A foto abaixo ilustra a elegância das gaúchas, que importam da vida rural das estâncias partes da indumentária e a adaptam ao estilo urbano.
Trata-se de uma releitura das peças do ambiente rural, que estão mais modernas, em um contexto de cidade.
O legal é que não fica piegas, ou “agroboy”, mas com muita sofisticação e bom gosto.
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Um texto que foi publicado junto com a foto, no Anuário do Cavalo Crioulo 2008/2009, desenvolve o que acima expusemos. O artigo foi gentilmente cedido pela autora, após contato com a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo.


Crioulo é moda
Andreia Fantinel
MTb.: 10.137

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O frio intenso por período prolongado que se verificou no inverno de 2009 consolidou uma tendência de moda que há muito vinha sendo notada: a elegância que a mistura dos estilos urbano e rural pode resultar, não só nos ambientes agrícolas e pecuários, mas também nos centros urbanos. Depois de muitos anos, os gaúchos das grandes cidades voltaram a se deparar com um mês inteiro de temperaturas próximas aos dez graus - na melhor das hipóteses. E o que se viu nas ruas foi um show de desfile de botas e roupas quentes que não são novidade no guarda-roupa de quem vive a realidade das lides campeiras.

Independente da colaboração dos termômetros, esta tendência vem tomando forma há mais tempo e um exemplo irrefutável disso é o sucesso que as lojas segmentadas fazem desde o início da década em Porto Alegre e em eventos como a Expointer, em Esteio.

Desde 2004 instalada no bairro Moinhos de Vento, uma das áreas mais nobres da capital gaúcha, a loja Los Corrales não tem do que reclamar e testemunha a receptividade urbana ao estilo "rural-chique" que é visto nas ruas. Segundo o proprietário, Jorge Gustavo Gallucci, os clientes demonstram satisfação não só com a qualidade do produto adquirido, mas também com o estilo diferenciado do local, que vende desde as tradicionais botas, boinas e bombachas até suéteres femininos e masculinos, cintos, casacos e camisas. Outro artigo destacado pelo proprietário e pelas funcionárias são as bolsas, de todos os estilos - do moderno ao campeiro -, trabalhadas em couro produzido na Argentina. O tratamento, conforme Gallucci, é diferenciado em relação ao que se conhece do material aqui no Rio Grande do Sul. "O couro argentino tem outro tipo de tratamento, que tem agradado bastante os compradores gaúchos", relata a gerente do estabelecimento, Marciele Bagetti. Mas a procura não se restringe ao visual. Produtos com a marca do Cavalo Crioulo, por exemplo, também são muito procurados.

A graduanda em Design, Juliana Davis, cujo trabalho de conclusão de curso está sendo elaborado e trata exatamente da integração requintada de roupas e acessórios rurais ao visual urbano é uma entusiasta do conforto da moda campeira. E credita ao orgulho dos criadores e à beleza dos cavalos a busca por artigos que apresentem o símbolo do Cavalo Crioulo. "O Crioulo é um símbolo da cultura gaúcha e as pessoas têm uma relação afetiva forte com isso", sustenta. Mas a beleza das peças e o que chama de "releitura" de roupas tradicionalmente campeiras também ajudam a solidificar a tendência. "Estilo cada um tem um e hoje existe uma releitura de peças do ambiente rural, que estão mais modernas e caem super bem na cidade. Se valoriza mais o estilo do Rio Grande do Sul", diagnostica. Juliana lembra que quando uma pessoa
se veste, ela pensa o que vai usar e a moda acaba refletindo o estado de espírito naquele momento. "É uma forma de comunicação não-verbal, que mostra um pouco da pessoa", completa. A designer acredita, também, que a realização da Expointer longe da zona rural colabore para a difusão do conceito, "até porque não tem como ir a Esteio de scarpin, a gente acaba vendo a necessidade de usar um par de botas nos dias de chuva ou até mesmo uma alpargata quando a temperatura está mais amena", relata. Juliana acrescenta, ainda, que outras peças, como os cintos e os ponchos são grandes coringas no guarda-roupa de quem curte o ambiente rural. "É super chique, tu podes usar com um vestidinho, uma bota de salto e o poncho jogado por cima", aconselha.

(***)
Nascida e criada em Porto Alegre e até a fase adulta morando apenas em grandes centros urbanos, Ana Carolina Chaves Barcelos Bastos, depois de casada, adotou o ambiente rural. E a moda também. Além das tradicionais botas, que já fazem parte do visual moderno há mais tempo, o poncho, os cintos em couro cru e até mesmo as faixas, que eram mais comuns aos homens, agora fazem parte das vestimentas do seu
dia-a-dia. "Gosto muito do conforto do campo e uno àquilo que é necessário ser usado na cidade para fazer um visual bonito. O importante é se vestir conforme sua própria personalidade, não montar um personagem", alerta. Segundo ela, a globalização contribuiu para tornar este mix um sucesso. "Leva-se um pouco da cidade para o campo e vice-versa. O que se usa no dia-a-dia são peças que já estão além da moda campeira", afirma.

E são estas as peças que fazem mais sucesso, por exemplo, na loja do Crioulo na Expointer. Conforme a encarregada da loja da ABCCC, Gladis Maria de Ávila Martins, camisas masculinas, camisetes femininas, coletes e camisas polo são grandes atrações. "Na Expointer, normalmente, faltam coletes. E as pessoas sabem que, por trás da marca, existe uma qualidade que nós buscamos levar a elas todos os anos", comenta. Gladis revela que a equipe busca conhecer o material e testar a mercadoria bem antes de fazer a compra, para dar tempo de corrigir eventual falha e fazer chegar ao consumidor apenas o que de melhor o mercado estiver oferecendo. "Em caso de dúvidas, nós mesmos usamos e lavamos um exemplar do material para nos certificarmos da qualidade do produto", destaca. Além destas, as jaquetas, suéteres, boinas, bonés, cuias, bombas de chimarrão e garrafas térmicas com a marca Crioulo têm grande saída, principalmente em eventos grandes, como a feira de Esteio, que começa a ser pensada com meses de antecedência para garantir o atendimento de toda a demanda.

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