A fórmula do amor. Os segredos de Jane Austen para os relacionamentos

segunda-feira, abril 14, 2014

Quero partilhar com vocês um livro que estou lendo e me tocou muitíssimo.




A editora Realejo Livros, que lançou essa obra imprescindível, me presenteou com ele semana passada. 

KANTOR, Elizabeth. A fórmula do amor. Os segredos de Jane Austen para os relacionamentos, Realejo Livros

É possível comprar esse livro maravilhoso no site da Realejo

Além dele, outra editora, a Ecclesiae, me presenteou com mais dois, e em breve vou postar sobre eles também.


O pouco que já li me impressionou vivamente. Uma defesa da boa conduta, da moral, sem cair na hipocrisia, tão em voga no fim do séc. XIX e início do XX, que entende que a pureza é obrigação só das mulheres, e, por outro lado, sem as neuroses de corte puritano que se exacerbaram na sociedade vitoriana. O ambiente dos romances de Jane Austen é protestante reformado e puritano, é inglês, mas ainda conserva aquele frescor de vivacidade mais católica e nada gnóstica - lembram do filme "A festa de Babette?" A honra é um valor nos livros de Jane, e Elizabeth deixa isso bem claro. Mas não é uma honra pela honra, algo mecânico, mas que vem da própria observação das coisas e de um senso de valores muito naturalmente vivido. Como diz Elizabeth, os personagens vivem as virtudes, mas não vão consultar os Dez Mandamentes antes de cada ação a realizar. A religião cristã é algo natural, vivo, e perfeitamente integrado no cotidiano, sem caricaturas, sem artificialismos, sem carolice.

Do mesmo modo, Elizabeth, a partir da ficção de Jane, usa os personagens para dar conselhos muito claros de como uma mulher deve agir para um relacionamento romântico. Não vou antecipar a leitura de vocês com spoilers, mas posso garantir que, embora o livro não seja uma obra religiosa - e nem os romances de Jane são -, a maioria das dicas ali expostas eu já tinha ouvido, com outra roupagem, da boca do diretor espiritual que me acompanhou quando ainda não era casada. E funcionou!

Leiam a magnífica resenha sobre o livro publicada no Diário do Comércio.

E vejam aqui três textos exclusivos da autora, Elizabeth Kandor:

Desacelere suas emoções

Algumas vezes, as heroínas de Jane Austen se apaixonam completamente antes que os homens se comprometam. Todas elas, em um ponto ou outro, encontram-se apaixonadas em um nível e “com alguma dúvida do retorno”. Mas elas nunca dizem isso a um homem, como Audrey Raines fez. E elas também não começam a tentar se certificar de que ele vai se apaixonar também. Se uma heroína de Jane Austen vê um desencontro entre o quão rápido ou quão profundamente ela e um homem no qual ela está interessada estão se apaixonando, ela lida com isso primeiro no ponto onde ela tem controle e onde ela tem direito de ter controle. Ela pensa em administrar suas próprias expectativas em vez de jogar seus sentimentos e desejos para o mundo ou manipular o homem. Em vez de planejar esquemas para acelerá-lo, ela freia.

Nós, mulheres do século XXI, sabemos tudo sobre sexo, um assunto que Jane Austen quase não menciona. É axiomático hoje que, para ser um cavalheiro, e não um idiota, um cara tem que estar disposto a desacelerar sexualmente, a se ritmar para fazer amor – para acomodar a reposta sexual tipicamente mais lenta de uma mulher. Em comparação, não temos noção nenhuma do amor. Jane Austen, que sabia tudo de amor, entendia que uma mulher, muitas vezes, precisa desacelerar suas emoções e esperanças para o futuro, controlar a velocidade com a qual ela está se apaixonando, para poder acomodar a velocidade tipicamente mais lenta do apego emocional masculino. Em Jane Austen, autocontrole dá poder. Não é ser uma mulher reprimida e sem “voz”, que não sabe que pode ir atrás do que quer. As heroínas de Jane Austen sabem exatamente o que querem.

Mas elas sabem que se agarrar a isso não garante o amor.

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No amor, busque a felicidade

Todas as heroínas bem-sucedidas de Jane Austen têm o mesmo obje tivo. No amor, elas buscam a felicidade. É o que elas buscam, no que diz respeito aos homens, e é o que elas desejam para seus amigos.

Soa simples demais, não? Isso não é óbvio? Todo mundo quer ser feliz, certo?
A resposta curta é não.

Ou melhor, claro que nós todos queremos ser felizes. Se a vida nos fi zesse a pergunta dessa forma – escolha um ou outro, felicidade ou tristeza – não teríamos problemas em acertar a resposta. No entanto, Jane Austen se esforça para nos mostrar que as questões importantes da vida não vêm assim. A felicidade não vem servida em um prato bonito.

Não ajuda a pensar, mas é claro que quero ser feliz. A diferença entre o é claro que quero ser feliz e a busca séria pela felicidade é sutil. Mas entendê-la é absolutamente crucial. O vago é claro que quero ser feliz é comum a todos. A busca por uma felicidade racional e permanente é o que diferencia as heroínas de Jane Austen.

Para ajudar a esclarecer a diferença, vamos tomar como exemplo o diálogo a seguir em Orgulho e Preconceito, “Elas podem apenas desejar a felicidade dele, e se ele está ligado a mim, nenhuma outra mulher pode proporcioná-la”, diz Jane Bennet a respeito das irmãs de Bingley. Mas Eli zabeth aponta a falha no argumento de Jane, “sua primeira premissa é falsa. Elas podem desejar muitas outras coisas além da felicidade dele; elas podem desejar o aumento de sua fortuna e posição; elas podem dese jar que ele se case com uma garota que tem toda a importância conferida pelo dinheiro, boas relações, e orgulho”. Se você perguntasse as irmãs de Bingley se elas desejam que ele seja feliz, elas responderiam que sim. Cla ro que sim. Elas nunca o tornariam infeliz apenas para arruiná-lo. Mas a vida não apresenta essa pergunta de forma abstrata. Você não pode esco lher sim ou não, a favor ou contra tudo que é claro que você quer.

Para chegar ao amor feliz, você deve achar o caminho em uma flo resta de desejos conflitantes. No processo, é fácil que um objetivo do tipo “mas é claro que eu quero isso” seja deixado de lado por causa de coisas completamente diferentes nas quais você vem realmente depositando seu tempo e energia. É apenas em retrospecto que você vê quando deixou passar algo que realmente queria.

Quantas de nós querem perder peso? Claro que queremos. Mas não podemos escolher gorda versus magra de forma abstrata. Precisamos nos concentrar em sermos magras e a manter o foco em meio a um mundo de refrigerantes de meio litro e potes de sorvete gigantescos.

Da mesma forma, se você perguntar a qualquer mulher, “você quer ser feliz?”, ela vai responder que sim. Mas essa é uma resposta para a per gunta isolada, que nunca é a forma que virá no meio das complexidades da vida real (ou a coisa mais perto disso, um romance de Jane Austen). A pergunta verdadeira não é “você quer ser feliz?”, é “o que você quer?”. Em outras palavras, qual é o objetivo – dentre os vários focos conflitantes que você adotaria se lhe fossem servidos em um prato com acompanhamento ao lado – que você está buscando de fato? (Com sua energia e tempo limitados e toda a capacidade que você possui). Quando você visualiza o que quer do amor, qual é a imagem que aparece? Você realmente está esperando um final feliz para sempre?

Para nos inspirar, Jane Austen nos mostra heroínas que encontram o caminho para a felicidade. Mas, para nos alertar, ela também nos mostra mulheres que não conseguem. Elas não falham porque estão procurando o amor nos lugares errados, mas porque elas estão procurando por outras coisas quando deviam estar buscando a felicidade no amor.

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Por que os relacionamentos são mais difíceis para nós?

De forma paradoxal, Jane Austen achava mais fácil manejar exatamente o tipo de relacionamento que parece mais difícil para nós. Ela considera alcançar a “independência” quando uma mulher sai da casa dos pais – ou de seu trabalho como governanta-acompanhante, como a Sra. Weston faz no início de Emma – para se casar.

Para Jane Austen, um homem e uma mulher apaixonados um pelo outro são as duas pessoas no mundo que mais chegam perto de se sentirem confortáveis ao preencher exatamente o mesmo espaço ao mesmo tempo. Homens e mulheres são tão diferentes um do outro que eles se complementam naturalmente, assim como competem um com o outro. E claro que a divisão de trabalho entre os sexos era mais rígida naquela época.

Essas diferenças – a complementaridade e a possibilidade de uma espécie de harmonia natural entre homens e mulheres – tornam lógica a ideia de que, ainda que seja “dependência” dividir uma casa e uma renda com seus pais ou seus empregadores, é “independência” dividi-las com um marido. Além disso, nesse caso, existe a excitação do começo do amor (e no sexo) para ajudar a suavizar as dificuldades.

Então, por que os “relacionamentos” parecem muito mais difíceis hoje do que os relacionamentos em geral – amizades e por aí vai? Não acredito que seja apenas porque em vez de confiar na tradicional divisão de tarefas pelo sexo, temos de negociar quem lava as louças e quem faz as contas. É que, hoje em dia, um relacionamento romântico é praticamente o único relacionamento realmente íntimo que muitos de nós tentamos depois de adultos – “íntimo” no sentido prático que estamos dividindo espaço, dinheiro e decisões sobre qualquer coisa mais importante do que o almoço.

Procuramos nossos amigos para ter conforto em relação às partes da nossa vida nas quais temos que “trabalhar” – nossos trabalhos e nossos relacionamentos com homens. Os amigos estão lá quando saímos do tumulto da vida e paramos no acostamento, quando fazemos a análise no fim do jogo. Dividimos nossos pensamentos e sentimentos com eles, ou, talvez, com nossa mãe ou irmã. No entanto, depois que saímos da faculdade e daqueles pequenos apartamentos que dividíamos na época do primeiro emprego, com frequência, deixamos de dividir nossa vida com outras pessoas além de um homem. O que significa que estamos tentando administrar nosso relacionamento sem o tipo de prática em relacionamentos em geral que as heroínas de Jane Austen têm.

Não esqueçam! Entrem no site da Realejo e comprem esse livro! É uma obra muito importante para os dias de hoje no que toca à formação feminina.

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