Floral, pink and black

domingo, março 22, 2015

Um lindo entardecer no parque de exposições rurais de Piratini, com a família. 

Com a bermuda preta de montaria, bem justinha, combinei uma blusa de alcinha cor-de-rosa e uma camisa floral branca, rosa e vermelha por cima para dar um up e manter o recato. Ficou super romântico.



























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15 comentários

  1. Olá, Salve Maria!
    Não estou aqui para falar mal do seu apostolado ou algo do tipo, só queria REALMENTE entender algumas coisas sobre modéstia.
    Aprendi que modéstia não tem a ver só com roupa, correto? O comportamento também deve ser modesto. Quando alguém faz alguma crítica e pergunta alguma coisa, por que a senhora não responde a dúvida da pessoa ao invés de dizer "não gostou, não curte"? Às vezes as pessoas só querem instrução e diz "essa está transparente" ou qualquer outra crítica construtiva, mas a senhora não deixa, ou não instrui, só diz para não curtir. Mas eu, por exemplo, quando perguntei: "isso é modesto?" na sua página, estava perguntando DE VERDADE porque era uma dúvida minha ao ver um decote saber se era modesto ou se a senhora estava apenas mostrando que usar roupa assim não podia. Fiquei sem entender e a senhora so disse para não curtir a página. Por favor, entenda que só quis perguntar a proposta pq não havia nada na descrição da foto e não consegui entender. Acredito que algumas pessoas passem por isso mas a senhora não responde, apenas diz para não curtir.
    Outra coisa: não consigo ver diferença na modéstia que o blog propõe, das roupas do mundo. Mais uma vez não quero criticar o apostolado, eu quero apenas ENTENDER o critério que a senhora usa para discernir se algo é modesto ou não, porque não estou conseguindo entender, NA MINHA vida espiritual o que é modesto ou não. Acredito que a senhora poderia ser mais clara no conceito de modéstia, ainda mais porque percebi que as fotos mais curtidas e as que mais sinto que realmente são modestas, são as que estão sem decote e sem calça colada. Aí de uma hora pra outra a senhora coloca uma calça colada e um decote e fico perdida :(
    Bom, é só uma dica para instruir as pessoas ao invés de expulsá-las da página e prestar atenção em decotes e calças coladas, porque isso não faz sentido. Me desculpa mesmo, mas eu precisava dizer isso.
    Salve Maria!

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  2. Caríssima Paula,

    Obrigada por vir aqui perguntar.

    Em primeiro lugar, perdoe-me se soei ofensiva e dura. Devo, realmente, supor o melhor das pessoas.

    Todavia, recebo ataques diariamente na fanpage e no blog. Tu não tens idéia da verdadeira orquestração que montaram contra meu apostolado e MINHA PESSOA - meu marido, nossos filhos, nossa vida pessoal. 99% dos comentários como o teu, com uma simples pergunta, são de pessoas que querem confusão e pretexto para começar a sua pregação contra meu trabalho.

    Aconselho que, para mostrar que tens uma reta intenção - da qual não duvido agora que vieste esclarecer -, que desenvolva mais a pergunta, como aqui fizeste.

    De qualquer forma, reitero que te peço desculpas por qualquer problema.

    Em Cristo,

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  3. Muito obrigada pela resposta, mas assim: Se a modéstia é também no comportamento, não responda duramente. Críticas e perseguições, em qualquer lugar, vai haver se o objetivo for seguir a Cristo. Mas se a senhora responder docilmente, às vezes pode dar exemplo e as pessoas parem. Bom, é só uma dica, espero que entenda.
    Quanto a minha pergunta é: Queria entender o critério que a senhora usa para considerar algo modesto, visto que vim procurar sobre modéstia e só encontrei roupas que eu já usava antes de conhecer a modéstia... Enfim, não sei se entendeu minha dúvida Rsrs, espero q sim. Salve Maria!

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  4. Estimada Paula,

    Bem, julgar todos devemos diante dos indícios. Julguei agir assim. Se fiz mal, já te pedi desculpas. De todo modo, nem sempre somos chamados a escrever ou falar docemente. O juízo compete a quem fala, arcando com as responsabilidades advindas da escolha.

    O problema da tua dúvida é um só: tratas "modéstia" como se fosse um grupo, um movimento, ou algo do tipo. "Eu conheci a modéstia" é a expressão usada. Ora, isso faz tanto sentido quanto dizer "eu conheci a castidade" ou "eu conheci a honestidade". A modéstia é uma virtude. Claro, podemos conhecer as virtudes, mas não nesse sentido de dar a entender que é um grupo ou jeito de ser.

    “A modéstia é uma virtude derivada da temperança que inclina ao homem a se comportar nos movimentos internos e externos e no aparato exterior de suas coisas dentro dos justos limites que correspondem a seu estado, engenho e fortuna.” (ROYO MARIN, Pe. Antonio, OP. Teología de la perfección cristiana, Madrid: BAC, p. 612, nº 503)

    Da definição do autor, conhecido por sua ortodoxia e douto na Teologia Moral, podemos já ver que a modéstia tem a ver com a temperança, com o pudor, com a vestimenta, mas igualmente varia em suas expressões conforme as situações e ambientes. A modéstia é absoluta. Sua exteriorização varia de acordo com tempo, lugar, cultura, pessoa etc. Aliás, uma virtude derivada da temperança que não levasse essas distinções em considerações seria contrária exatamente à temperança, ou seja, uma contradição nos seus próprios termos.

    Mais adiante, o Frei Royo Marin, OP, continua sua obra falando dos tipos de modéstia: do comportamento, do corpo, na esteira de Santo Tomás, conforme veremos a seguir a partir da Suma Teológica (cf. S. Th., II-II, art. 54ss).

    Ensina a Igreja: “A pureza exige o pudor, que, preservando a intimidade da pessoa, exprime a delicadeza da castidade e orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e da sua comunhão. Ela liberta do erotismo difuso e afasta de tudo aquilo que favorece a curiosidade mórbida. Requer uma purificação do ambiente social, mediante uma luta constante contra a permissividade dos costumes, que assenta numa concepção errônea da liberdade humana.” (Comp. Cat., 530)

    E contra o mau hábito de se vestir imodestamente, a Igreja soube expor, ao lado de conselhos próprios e adaptados a cada tempo e situação, a sua moral perene:

    “Por força do apostolado supremo que ele exerce sobre por vontade divina sobre a Igreja Universal, o nosso Santo Padre, o Papa Pio XI nunca deixou de inculcar, tanto verbalmente quanto por seus escritos, as palavras de São Paulo (1Tm 2, 9-10), isto é, ‘Mulheres (...) adornando-se com modéstia e sobriedade (...) e professando piedade com boas obras.’

    Muitas vezes, quando surgiu a oportunidade, o mesmo Sumo Pontífice condenou enfaticamente a forma indecente de se vestir aprovada por mulheres e meninas católicas – cuja moda não só ofende a dignidade das mulheres e vai contra o seu ornamento, mas conduz à ruína mundana das mulheres e meninas, e, o que é ainda pior, a sua ruína eterna, arrastando outros miseravelmente para baixo em sua queda.

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  5. CONTINUAÇÃO

    Portanto, este Sagrado Concílio, que vigia a disciplina do clero e do povo, ao tempo em que cordialmente elogia a ação dos Veneráveis Bispos, mais enfaticamente os exorta a perseverarem na sua atitude, e aumentar as suas atividades na medida em que permitam suas forças, a fim de que esta doença insalubre seja definitivamente desenraizada da sociedade humana.” (Sagrada Congregação do Concílio. Instrução De Inhonesto Feminarum Vestiendi More, de 12 de janeiro de 1930, AAS 22, p. 26. O original em latim está aqui Acesso em: 22 mar 2015)

    Não há, vejamos, uma lista do que pode e do que não pode. Modéstia não é um grupo com um vestuário característico, um uniforme. Sei que em teorias não pensas assim, mas a tua pergunta revela uma adoção prática, ainda que inconsciente, dessa postura, e em verdade muita gente assim pensa e age, porque foi mal formada nessa virtude. De tanto ver imodéstia no mundo, aderem a um estilo radical como se fosse o remédio para todos os males, esquecendo que se o laxismo é condenado o rigorismo também.

    A origem da palavra “moda” é a mesma do verbete “modéstia”, como nos ensina um Papa de veneranda memória. “Moda e modéstia deveriam caminhar juntas como duas irmãs, porque ambos os vocábulos tem a mesma etimologia; do latim ‘modus’, quer dizer, a reta medida, além e aquém da qual não se pode encontrar o justo.” (Pio XII) Nesse sentido, a moda será, no mais das vezes, neutra, apresentando-se pecaminosa quando configurar ocasião de pecado para si ou para o outro – levando ao pecado contra a castidade, por pensamentos e olhares, por exemplo, o que veremos, na prática, no decorrer do livro.

    Essa ocasião de pecado, então, é algo circunstancial. No período do romantismo, um simples tornozelo era excitante – lembram da “Pata da Gazela”? Assim, os que acusam de imodesta uma saia que seja um dedo abaixo ou acima do joelho, ou uma blusa que não cubra o braço, deixando, pois, de fora, o mesmo tornozelo, seriam acusados, por sua vez, de promover uma moda imodesta para os românticos. Ou seja, os primeiros acusadores, ainda que insistam em uma aplicação absoluta das regras de modéstia, também são circunstanciais. Os românticos olhariam a moda dos que defendem que a saia pode mostrar os tornozelos, mas não os joelhos, como igualmente imodesta. A diferença é apenas o período histórico de que tiram as circunstâncias. Aqueles que pensam que uma saia mostrando o joelho é imodesta estão, na verdade, é sendo circunstanciais, mas olhando para a década de 50, o que é algo que já demonstra certa ideologia em seu pensamento, ao pensar que houve uma “época de ouro”, coincidindo com o pós-guerra. Curiosamente, exaltam essa época como se fosse irretocável até mesmo na observância da liturgia. Querem transportar todo o quadro histórico, que julgam perfeito, em uma nostalgia ideológica. Óbvio que os anos 50 tiveram seus valores, e pessoalmente gosto muito da inspiração que nos chega de seus vestidos, de seus comportamentos, da visão de família ainda tradicional, mas nesta terra de exílio jamais haverá “época de ouro”, e, pois, temos que viver o tempo a fomos destinados por Deus, aplicando a modéstia absoluta às circunstâncias relativas.

    O próprio Pio XII, citado acima, defensor da modéstia e do pudor, não insiste jamais na proibição de calças para mulheres, nem dá regras milimétricas. O Papa fala nos princípios, pois sabe que as situações, os ambientes, a cultura, etc, mudam.

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  6. CONTINUAÇÃO

    Insuspeita é a fala de um sacerdote da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fundada por D. Marcel Lefebvre, a respeito d os usos nos vestuário das mulheres por eles atendidas: “A tendência no vestir que se tornou, aos poucos, dominante entre nós refletem a modéstia – que é necessária – mas a modéstia não está limitada às modas Tradicionais. Ao querer impor essas regras de vestimentas, nós desanimamos as pessoas mais do que as atraímos. A conseqüência é um tipo de libertação excessiva destas regras, que as leva à imodéstia. Uma outra conseqüência é um tipo de representação esclerosada da Tradição, que parece viver nos anos 50 – não muito atraente!” (Pe. Guillaume Gaud, FSSPX)

    O Doutor Angélico é claro ao dizer que, embora a moral seja atemporal e absoluta, a condição dos vestidos exteriores será ou não modesta segundo a cultura própria, dado que “o ornato exterior deve corresponder à condição da pessoa segundo o costume comum.” (S. Th., II-II, q. 169, a. 2)

    E São Francisco de Sales, o grande incentivador do apostolado e da vida de piedade dos leigos, diretor de muitas almas, e incansável conquistador de calvinistas na Genebra da qual foi Bispo, ensinava: “[N]o tocante à matéria e à forma dos vestidos, a decência só se pode determinar com relação às circunstâncias do tempo, da época, dos estados ou vocações, da sociedade em que se vive e das ocasiões.” (Filoteia, III, cap. XXV)

    Na visão da Igreja, a moral deve ser pensada por princípios, não por regras de pode e não pode, pois isso é próprio do puritanismo, de matriz gnóstica. Assim que, a cada circunstância, os princípios devem ser invocados, não um recurso a uma lista. E, com base nesses princípios, em coisas contingentes, pode-se ter conclusão distinta.

    Não há uma regra “isso é modesto”, “aquilo é imodesto”. Evidentemente, que há situações que saltam aos olhos quanto ao erro, por afastarem a virtude do pudor. A maioria dos “tomara-que-caia”, a “minissaia”, e certos maiôs, por exemplo, são absolutamente incompatíveis com a modéstia cristã. Outras roupas são imodestas dependendo da situação.

    Não deixemos, outrossim, de valorar o componente cultural e de aceitação social. Não deve ser determinante - uma sociedade em que seja “normal” andar pelado, nem por isso deixará de ferir o pudor. Porém, são fatores a considerar, sim.

    Na S. Th., I-II, q. 7, Santo Tomás trata de esclarecer que as circunstâncias dos atos humanos são também fundamentos da moral. A moralidade é absoluta, mas a aplicação de seus princípios leva em conta aspectos circunstanciais. Isso se aplica, como visto, às roupas.

    Aliás, Santo Agostinho, na Carta 54, diz não poder condenar quem comunga todos os dias e quem se abstém disso e, depois, dá uma longa explicação de como os costumes mudam de lugar para lugar. Continua que, exceto por uma ordem explícita do Papa, não há razão para violar as liberdades dos diferentes povos. Se é costume generalizado, e aceito pela maioria dos bons cristãos, honrados, que buscam a santidade, que comungam com os ensinamentos da Igreja, que a mulher use calça, então esse uso é permitido. Não se trata de democracia para escolher o que é certo ou errado, mas saber que as roupas dependem dos costumes e, associando o que diz Santo Tomás e Santo Agostinho, ele é fonte da moralidade. Os costumes atuais dos cristãos e suas intenções e sensibilidades são elementos que podem mudar a apreciação moral.

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  7. CONTINUAÇÃO

    Mais cristalino ainda é o discurso do Papa Pio XII, desta vez se dirigindo às meninas: “O movimento da moda não tem em si nada de mau: brota espontaneamente da sociabilidade humana, segundo o impulso que inclina a encontrar-se em harmonia com os próprios semelhantes e com a prática usada pelas pessoas no meio em que se vive. Deus não pede que se viva fora do tempo, descurando as exigências da moda até tornar-se ridículo, vestindo ao oposto dos gostos e dos usos comuns contemporâneos, sem se preocupar jamais com o que lhes agrada. Mesmo seguindo a moda, a virtude está no meio. Aquilo que Deus pede é recordar sempre que a moda não é, nem pode ser a regra suprema da conduta; que acima da moda e de suas exigências existem leis mais altas e imperiosas, princípios superiores e imutáveis, que em nenhum caso podem ser sacrificados ao talante do prazer ou do capricho, e diante dos quais o ídolo da moda deve saber inclinar a sua fugaz onipotência.” (Pio XII. às Delegações Juventude Feminina de Ação Católica, 22 de maio de 1941)

    Essa relativização da moda e sua interpretação da virtude do pudor no vestir de acordo com os costumes gerais, pode ter seu exemplo na comparação entre a iconografia – que é um locus theologici – que representa Cristo com os cabelos compridos e a advertência bíblica, da lavra de São Paulo Apóstolo, de que os homens não o deveriam portar. Não é uma contradição entre o Mestre e o discípulo, mas a constatação de que diferentes costumes no trajar geram "regras" diferentes. São Paulo falava a um público no qual os cabelos compridos masculinos soariam imodestos. É um indício claro de que há, nesse terreno, coisas absolutas e relativas. Também o Concílio de Jerusalém proibindo carne sufocada para os pagãos - ou S. Paulo proibindo de comer carne a alguns, enquanto permitia a outros -, podem ajudar a iluminar essas situações onde as circunstâncias jogam papel relevante no juízo moral.

    Quanto a Igreja diz “mulheres devem usar roupas de mulher”, ela não está definindo qual é a roupa de mulher. O que vai definir é a cultura, o ambiente, o caimento da roupa, o tipo de corte, o biótipo da mulher em específico. Isso não é relativismo. Relativismo seria relativizar a expressão “mulheres devem usar roupas de mulher”, pois isso, como uma verdade, é necessariamente absoluta e objetiva. Já o conceito de roupa de mulher não é uma verdade, e é variável. O modernismo, vejam, foi condenado por ser a variabilidade do conceito de cada dogma, mas isso não impede que outras coisas possam variar. Verdades não variam, não se adaptam, mas o conceito de roupa de mulher não é uma verdade. Temos, claro, que sempre usar roupa de mulher, mas o conceito disso pode mudar. Se eu usasse uma calça jeans com corte masculino ou um terno com gravata, igual ao meu marido, algo estaria errado, mas não uma calça ou um terninho com corte feminino: e reconhecemos bem um quando o encontramos, não?

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  8. CONTINUAÇÃO

    “Esta é uma das questões particulares [a roupa] nas quais o problema do pudor ou do impudor aparece com mais frequência. Seria difícil discutir agora as nuanças da moda feminina ou masculina enquanto se relacionam com o problema mencionado, o problema do pudor e do impudor certamente se relaciona com a questão da moda, ainda que talvez não da maneira que em geral se supõe... Além disso é inevitável que a roupa destaque o valor do sexo, mas não há razão para que contradiga o pudor. Não há nada de impudico no vestir a não ser aquilo que, ao destacar o sexo, contribui claramente para diminuir o valor essencial da pessoa, provoca inevitavelmente uma reação a respeito da pessoa como se ela fosse só um ‘objeto possível de uso’, por causa do seu sexo, e impede a reação a respeito da pessoa enquanto 'um possível objeto de amor', por causa do seu valor como pessoa.” (João Paulo II. Amor e Responsabilidade)

    A absolutização das vestes, como se mulheres sempre devessem usar saias e vestidos, lhes sendo vetadas as calças, ignora as diferenças regionais e temporais. Nem sempre a mulher - e mulher cristã, mulher modesta, mulher de bons costumes - vestiu a mesma coisa. A modéstia não muda. A aplicação de suas regras às roupas muda, e muda porque mudam as roupas, mudam os costumes, mudam os cortes, mudam até os corpos. Dogmatizar a indumentária tem raízes não só no gnosticismo, mas em um etnocentrismo. A Carta a Diogneto, um dos primeiros documentos do cristianismo, dizia que os cristãos não se distinguiam dos pagãos por suas roupas.

    As túnicas femininas do tempo de Cristo, aliás, mesmo as usadas por judias piedosas e pelas primeiras cristãs, deixavam à mostra o braço inteiro e o pescoço. Não se encaixariam em algumas “regras” que algumas radicais da modéstia pregam.

    Aliás, essas mesmas “regras” das radicais falam, por exemplo, em não se usar vestidos no joelho, e sim um ou dois dedos abaixo dele. Só que essa mesma regra seria considerada imodesta no séc. XIX: apenas vestidos nos tornozelos eram permitidos. Ou seja, as radicais da modéstia atuais, tão ávidas a condenar as cristãs que prezam a modéstia mas usam calças e saias um pouco acima dos joelhos, estariam condenadas pela aplicação anterior da mesma modéstia.

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  9. CONTINUAÇÃO

    O fato é que as radicais, ao misturar a modéstia absoluta com a aplicação relativa da mesma (relativa porque se relaciona com o tempo, com o ambiente, com o corpo, enfim, com os costumes, que, como vimos, é fonte da moralidade do comportamento humano), prendem-se ao que os anos 50 consideravam modesto. Isso parece ter origem na idolatria dessa "época de ouro" dos americanos, no pós-guerra. Os Estados Unidos formam o caldo de cultura ideal para o pensamento sectário: puritanismo do modo de pensar - dado que foi fundado por calvinistas puritanos - e glorificação do pós-guerra. Somemos esses dois aspectos e temos as listas de "pode e não pode", oriundas de setores brasileiros que beberam em algumas fontes católicas mais tradicionais norte-americanas.

    Quanto a comparar nossas roupas às que a Santíssima Virgem usaria, teríamos que ter certo cuidado. Primeiro porque ela era consagrada e como tal deve-se diferenciar das demais mulheres, segundo que, basta olharmos as mulheres que eram santas e que se trajavam de forma comum à sua época. E o que nunca faltou à Nossa Amada Mãe foi bom senso e capacidade de se adaptar à realidade que se encontrava, sem nunca perder a caridade e a noção do correto. Depois, é interessante que coloquemos bem claro, em nossa meditação, que temos que imitar, nos santos, a sua virtude, mas não cada comportamento exatamente igual. Do contrário, estaríamos deixando de imitar Nossa Senhora se tivermos relações com nossos maridos, por exemplo.

    C.S. Lewis, o autor das “Crônicas de Nárnia”, que era anglicano, mas não se converteu apenas porque morreu antes, escreveu e não posso deixar de considerar suas palavras, ele que era amigo de Tolkien, e tinha uma grande admiração pelo Papa, uma profunda devoção ao Santíssimo Sacramento, às formas rituais católicas e à Santíssima Virgem, e mesmo raciocinava de um modo bastante tomista:

    “Consideremos agora a moralidade cristã no que diz respeito à questão do sexo, ou seja, o que os cristãos chamam de virtude da castidade. Não se deve confundir a regra cristã da castidade com a regra social da “modéstia”, no sentido de pudor ou decência. A regra social do pudor estipula quais partes do corpo podem ser mostradas e quais assuntos podem ser abordados, e de que forma, de acordo com os costumes de determinado círculo social. Logo, enquanto a regra da castidade é a mesma para todos os cristãos em todas as épocas, a regra do pudor muda. Um moça das ilhas do Pacífico, praticamente nua, e uma dama vitoriana completamente coberta, podem ambas ser igualmente “modestas”, pudicas e descentes de acordo com o padrão da sociedade em que vivem. Ambas, pelo que suas roupas nos dizem, podem ser igualmente castas (ou igualmente devassas). Parte do vocabulário que uma mulher casta usava nos tempos de Shakespeare só seria usado no século XIX por uma mulher completamente desinibida.”

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  10. CONTINUAÇÃO

    Os profetas, os doutores da Igreja, os Padres, e todos os santos sempre aconselharam os fiéis a se vestirem com pudor e modéstia. O modo como nos vestimos é um reflexo de nossa vida íntima. O exterior reflete o exterior, diz o adágio. O modo como nos vestimos, nossa aparência, o tipo de vestuário que utilizamos, são como mensagens que enviamos aos outros, dando informações preciosas a nosso respeito: nossas intenções, nossas particularidades, nossas crenças mais profundas, nosso estilo de vida. O recato no vestir é, pois, uma mensagem poderosa que mandamos a todos: somos sérios, consideramos importante a castidade, queremos agradar a Deus, e consideramos que o corpo não deve ficar tão exposto. Não deixa, pois, o jeito de nos vestirmos, de ser um verdadeiro apostolado silencioso, influenciando a todos, e mostrando princípios importantíssimos que informam o ser humano. E se esse recato vai acompanhado da beleza das vestes e da elegância, isso é mais benéfico ainda, pois estamos deixando bem claro que se pode ser modesto, ter pudor, sem parecer uma “Maria-mijona”, pode-se ter recado e amor pela castidade exterior, sem que tenhamos um aspecto “apagado”.

    Evidentemente, não há um código católico de vestimenta. E isso nem seria possível, pois a Igreja trabalha com princípios, não com listas de “pode” e “não pode”. As circunstâncias nos fazem aplicar os princípios do pudor aos casos concretos. Claro que não há aqui qualquer relativismo: a moral é absoluta, o pudor é objetivo. Mas a aplicação desse pudor varia conforme a cultura, o tipo de evento, a combinação entre as roupas, o corpo da mulher que o veste, e até mesmo, a “postura” e o temperamento da pessoa.

    Esse tema das vestes se divide em quatro pontos, basicamente: 1) a virtude da modéstia, que é na verdade, em sua origem, o justo conceito de si (i.e., não chamar excessivamente a atenção para si mesmo); 2) a virtude do pudor (não mostrar mais do que se deve, o que depende das circunstâncias, que são variáveis por definição, mantendo coerência do exterior com o interior); 3) a ocasião de pecado (que influencia o ponto anterior e por ele é influenciado, mas ontologicamente dele se distingue); 4) diferenciação dos sexos nas roupas.

    O que fazem muitos que pregam uma modéstia mais estrita, não diferenciando as circunstâncias e, na prática, apresentando listas fechadas do que pode e do que não pode, com forte cheio de gnose, e demonizando certas peças, e estabelecendo centímetros e milímetros de licitude, é misturar os três primeiros pontos, e eventualmente colocar o quarto.

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  11. CONTINUAÇÃO

    A dificuldade, imposta pela modernidade, de pensar por princípios, que devem ser aplicados ao caso concreto, faz com que alguns se tornem obcecados com um padrão. Para combater a imoralidade, que é filha da modernidade, apelam para um modo de pensar que é também moderno, de matriz kantiana, com imperativos categóricos, "pacotes fechados". O modo tradicional do pensar católico, que foi sempre o da Igreja, e é baseado na própria razão, na natureza, é o de usar princípios e aplicá-los à realidade concreta. Mas somos tão sufocados pela modernidade que esse jeito que seria natural de raciocinar se torna pesado, difícil, dá trabalho. A solução culturalmente puritana de adotar um esquema de equações protestantes é bem mais fácil, porque imediata e dispensa a profundidade de análise: se x, então y. Típico da modernidade, algo absolutamente contrário ao modo católico de enfrentar os problemas.

    Também se deve saber que cada pessoa tem uma personalidade e um tipo físico. O que fica bem para mim talvez não fique em outra. Falamos já dos temperamentos, lembram? “A melhor cor em todo o mundo é a que parece boa em você!” (Coco Chanel) Se sou mais avantajada, não posso usar tomara-que-caia, bem como se sou um pouco estabanada, corro o risco de ficar indecente. O fundador dos Irmãos das Escolas Cristãs – conhecidos como lassallistas – compilou um seu opúsculo exatamente isso: “Para que uma roupa seja adequada, é preciso que convenha à pessoa que o usa e que seja proporcional ao seu tamanho, à sua idade e à condição.” (São João Batista de La Salle. Regras de Cortesia e Urbanidade Cristã, 2,3,1,2) Mais adiante, o mesmo santo continua: “O que convém a um não é, certamente, apropriado ao outro.” (Regras de Cortesia e Urbanidade Cristã, 2,3,1,5)

    Cabe ao cristão se conhecer; isto sim é regra. Estudar seu temperamento, saber seus pontos fortes e fracos. A partir daí, saberá o que cai bem a si e nas ocasiões a em que estará presente. A caridade para com os outros começa com o autoconhecimento.

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  12. CONTINUAÇÃO (PARTE FINAL)

    A virtude da modéstia deve, sim, ser cultivada. Tempos atrás, quando comecei com esse apostolado de recuperar o pudor nas moças e nas mulheres, primeiramente com as minhas amigas, a luta era para fazer com que se cobrissem, que parassem de andar com calças justíssimas de ginástica fora do ambiente próprio para isso, que deixassem seus indecentes decotões, que adotassem um visual menos sexy, mais decoroso, mais coerente com a fé cristã que professavam.

    Entretanto, combater a imoralidade, a imodéstia, promover o pudor e a castidade nas vestes não importa em adotar o extremo oposto, que também é equivocado. Os padrões de certas confissões cristãs de linha pentecostal (não todas, claro, e hoje uma clara minoria), perdoe-me a franqueza, bastante cafona, não é o combate adequado na verdadeira temperança. Aliás, a própria existência de um “código católico de vestimenta” é estranho ao nosso pensamento, aproximando-se do modo gnóstico, puritano, de ver o mundo. Os exageros devem ser evitados.

    Sem sombra de dúvida, o laxismo moral deve ser combatido, inclusive nas vestimentas imorais da mulher atual. Mas para isso, não temos de aderir ao rigorismo. Ambos, laxismo e rigorismo, foram condenados como posturas morais pela Igreja.

    “Seus vestidos devem ser justos o suficiente para mostrar que você é mulher, e soltos o suficiente para mostrar que você é uma dama.” (Edith Head)

    Bem, perdoe-me o texto longo, mas acho que por aí já tens um norte.

    Espero ter ajudado.

    Um abraço, e que Deus te abençoe muito.

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  13. Obrigada pela resposta! Vou estudar e meditar sobre isso!

    Salve Maria!

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  14. Look lindo e maravilhoso. Linda de viver. Belissima!! Sou sua fã!!!

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