Uma lady no mundo de Paris Hilton

sábado, setembro 26, 2009

Por Letícia Sorg
http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2009/08/30/uma-lady-no-mundo-de-paris-hilton/


– Não fale palavrão!
– Sente direito, menina!
– Olha essa coluna toda torta!
– Isso são modos?

Não sei na vida de vocês, mas, na minha, frases como essa eram muito comuns. Fosse uma festa ou um simples almoço em casa, toda situação trazia ensinamentos de como se portar, de como ser uma mulher-modelo como minha mãe.

Quando entramos, minha irmã e eu, na adolescência, foi engraçado ver seu espanto com os palavrões que a cada dia trazíamos para casa. Mesmo nos momentos de mais completa raiva, ela não deixava escapar nem um. Chegava até a começar a dizer, mas não ia até o fim. “F…”

Eu usaria tranquilamente palavras como “modesta”, “educada” e até “resignada” para descrever minha mãe, mas minha irmã e eu resolvemos que o título de “lady” resumia o pacote completo de suas atitudes e regras. Sempre fazíamos uma certa troça disso e ela ficava um tanto brava, mas fato é que ambas aprendemos várias coisas, embora talvez continuemos falando mais palavrões do que se espera de uma lady, rindo alto demais e sentando com a coluna toda torta.

É para quem não teve esse tipo de “treinamento” ou para quem, como eu, precisa lembrar uma regrinhas, que a americana Jordan Christy (foto acima), de 24 anos, escreveu How to Be a Hepburn in a Hilton World: The Art of Living with Style, Class, and Grace (Como ser Hepburn num mundo de Hilton: a arte de viver com estilo, classe e graça, sem previsão de lançamento no Brasil).

A diferença de elegância é gritante. Mas adotar o modelo Hepburn é dizer adeus às conquistas do feminismo?

A diferença de elegância é gritante. Mas adotar o modelo Hepburn é dizer adeus às conquistas do feminismo?

Lançado este mês, o livro lamenta a ascensão das “garotas estúpidas”, representadas por celebridades como Paris Hilton e Lidsay Lohan e suas vidas de sexo, drogas e rock’n roll. E prega a volta das mulheres com tato, articuladas, fofas mas modestas, as “versões mais inteligentes de nós mesmas”.

Para substituir Hilton, Jordan escolhe Audrey Hepburn, a “bonequinha de luxo” que, além da beleza e da elegância, era conhecida por falar várias línguas e pelo trabalho como embaixadora do Unicef – muito antes de Angelina Jolie.

As lições para atingir a suposta perfeição estendem-se pelos capítulos “Mantenha suas bochechas para cima e sua saia para baixo”, “Vista-se para impressionar”, “Menos é mais”, “Escolha seus amigos sabiamente” e “Deixe que ele ligue”. Qualquer semelhança com os ensinamentos da mãe ou da vovó não é mera coincidência. Tanto que algumas feministas acusam o livro de jogar no lixo todas as conquistas das mulheres nas últimas décadas. Então não podemos beber como os homens nem xingar como eles depois de tantos anos de luta pela igualdade?

O que você acha: as mulheres devem deixar de lado os comportamentos “masculinos” para serem verdadeiras ladies?

O que, para você, é ser uma lady?

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4 comentários

  1. Ser Lady.. é saber sempre o que dizer, fazer e vestir em cada ocasião... é ser articulada, inteligente, ter bom senso, elegante... um dia eu chego lá... rsrsrs...

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  2. LG - Pois leia e goste, mais ainda!

    Maite - Penso que és muito elegante, minha amiga! Bj

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  3. Um ditado modificado para cada ocasião.

    No reino das Hilton, Hepburn é rainha! :D

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