MATÉRIA DE GLÓRIA KALIL, PUBLICADA EM 2004, MAS MUITO ATUAL!!!
|
|
|
|
Ontem fui com meu marido em um show nativista do projeto Buenas e M’Espalho, dentro da programação da Semana Farroupilha, em Piratini, RS.
Integram o Buenas músicos regionais de altíssimo gabarito, entre eles a Shana Müller. Embora já conhecesse seu trabalho, suas músicas, sua bela e potente voz, e admirasse seu conhecimento de nosso folclore pampeano – com milongas, chamamés, chacareras, zambas, rasguidos e tangos –, nunca tinha ido a um show seu.
Impressionou-me sua distinção, sua postura elegante no palco. Uma mulher muito bonita, que se veste “à gaúcha”, mas sem parecer uma caricatura, sem ser uma imitação do homem, e, ao mesmo tempo, sem se restringir ao vestido de prenda (que tem seu lugar em danças, apresentações, mas não no dia-a-dia campeiro, muito menos em um show de música). Shana mantém a feminilidade e isso é uma característica encantadora dessa grande artista!
Abaixo, algumas fotos suas que pesquei pela internet:
No subtítulo da reportagem da revista Veja do dia 30 de Julho de 2008 intitulada Cadê os Bebês já vemos a ideologia que está por detrás: “Com a taxa de fecundidade em 1.8 filho por mulher, a população brasileira cresce mais devagar. Isso melhora a renda e o padrão de vida no país”: Isso só faria sentido se fôssemos todos capitalistas e ateus, o que não é o caso do Brasil, graças a Deus.
• A reportagem segue e diz: “quando a taxa de fecundidade de um país cai abaixo do patamar de 2,1, a população cresce em ritmo cada vez mais lento e, depois de duas ou três décadas, passa a diminuir de tamanho. É o que vai ocorrer com o Brasil.” Bom, não somos deuses, fazemos aproximações e então poderíamos dizer: “é o que normalmente acontece”. Mas isso pode mudar, porque esta não é uma lei inexorável que o destino preparou: depende de cada uma das nossas decisões do “hoje” em que vivemos.
Como diz o Papa Bento XVI, falando sobre a diferença do progresso material e moral da sociedade: “devemos constatar que um progresso por adição só é possível no campo material. Aqui, no conhecimento crescente das estruturas da matéria e correlativas invenções cada vez mais avançadas, verifica-se claramente uma continuidade do progresso rumo a um domínio sempre maior da natureza. Mas, no âmbito da consciência ética e da decisão moral, não há tal possibilidade de adição, simplesmente porque a liberdade do homem é sempre nova e deve sempre de novo tomar as suas decisões. Nunca aparecem simplesmente já tomadas em nossa vez por outros – neste caso, de fato, deixaríamos de ser livres. A liberdade pressupõe que, nas decisões fundamentais, cada homem, cada geração seja um novo início. Certamente as novas gerações, tal como podem construir sobre os conhecimentos e as experiências daqueles que as precederam, podem haurir do tesouro moral da humanidade inteira. Mas podem também recusá-lo, pois este não pode ter a mesma evidência das invenções materiais. O tesouro moral da humanidade não está presente como o estão os instrumentos que se usam; aquele existe como convite à liberdade e como sua possibilidade.”
Não é somente perigo de sermos tão burros - como nação -, de não enxergar o que está acontecendo na Europa, na qual os governos devem pagar para que as famílias tenham filhos, a não ser que queira que seus países desapareçam do mapa; e sim o grande perigo de usar a liberdade para construir uma cultura da morte, onde a vida, especialmente a vida “improdutiva”, segundo na terminologia capitalista, já não merece viver: os idosos e as crianças. Mas para enxergar este absurdo devemos ter pelo menos uma convicção: que a vida é um bem em si mesma e que estamos chamados a construir uma civilização do amor! E se para o ateu ela não tem sentido e para o capitalista ela só vale se produz lucro, para o cristão -que vive no mundo sem ser dele - a vida é valiosa por uma simples razão: foi comprada não com ouro ou prata, mas com o sangue precioso de Cristo!
Por último, contra os tristes exemplos de famílias que decidiram ter “um ou no máximo dois filhos”, proclamar a beleza inestimável da família numerosa é com certeza um escândalo nos dias atuas. E, no entanto, nunca foi tão necessário. Interessante notar como os filhos da única família numerosa - escolhida pela reportagem - dizem que querem ter no máximo dois filhos, pois não querem viver como seus pais, 'que tiveram 15 filhos e viveram num só quarto’. Gostaria de perguntar para alguns dos 15 se eles preferiam nunca ter nascido em vez de ter nascido e vivido até hoje. Sim, temos que fazer tudo o que está ao nosso alcance para acabar com a miséria, mas quão facilmente se critica os pais por causa de sua pobreza e rejeitam a sua generosidade ao aceitarem os filhos, mesmo sem a condição ideal que gostariam. Foge deste nosso simples artigo uma discussão mais profunda sobre “o problema dos pobres terem muitos filhos”, mas vale a pena também pensar na miséria moral de muitos ricos (não todos - lógico!) que, tendo condições materiais de ter uma família numerosa, escolhem ter poucos... ou nenhum filho.
A família cristã nada contra corrente - como sempre, quando é fiel à sua missão! -, pois sua meta não é que sobre “mais dinheiro para pais e filhos satisfazerem seus desejos de consumo”, como cita a reportagem, e sim colaborar com o dom mais excelso que nada pode comprar: a própria vida, que está chamada desde a concepção a participar da comunhão eterna!
Mas muito longe de ser Deus aquele a Quem devemos prestar culto, fica claro no artigo da revista como a economia é a “deusa” a qual deveríamos prestar o culto para sermos felizes. Ela, segundo a revista, é a que nos dá a referencia de como viver e da meta que devemos ter; daí a obsessão de colocar como exemplos famílias que –finalmente - longe de serem iguais aos seus pais, aprenderam a decidir ter - no máximo - um filho, já que o ideal é não ter nenhum! Tudo a ver com o capitalismo: cada um olhando para seu umbigo, vendo como satisfazer o seu ego, sem enxergar que se os seus pais tivessem usado o mesmo critério eles simplesmente não existiriam.
O Cristianismo proclama que a felicidade do homem não depende da abundância material. Alias, está pode se tornar facilmente motivo de perdição, pois sem critérios morais para o uso dos bens materiais, não existe montante deles que possa satisfazer o coração do homem, e sua ganância só aumenta. Mas se afirmamos, para escândalo de muitos, que a felicidade do homem não depende da abundância material, mais escandaloso é dizer que ela implicará em algum grau, algum sofrimento. Estamos tão cansados de escutar que a felicidade “é ter prazer e não sofrer”, que até mesmos muitos cristãos caem na armadilha deste falso pensamento. O Evangelho mostra que, quando a pessoa é generosa e abraça o Evangelho de verdade, haverá sacrifícios a fazer. Por exemplo, com a decisão de ter uma família numerosa os pais irão passar por muitos sacrifícios, e, no entanto, quando a decisão de ser GENEROSO parte de uma decisão madura, sua vida será feliz! Eis o paradoxo evangélico: quem dar a sua vida vai ganhar... e quem guardá-la vai perdê-la (e dar a vida dói)! Não estamos pedindo para o ateu e o capitalista compreenderem isso. Infelizmente eles vivem com o seu coração só na figura deste mundo que passa, mas para o cristão tudo isso deveria ser óbvio. Por isso, como católicos que somos, vamos colocar outra equação, já que a primeira é uma afronta à nossa vocação:
↑ Generosidade ↑Filhos = felicidade
A vida não é uma ameaça para um mundo melhor! A família numerosa não é uma ameaça para uma sociedade ser competente economicamente. A verdadeira ameaça é o egoísmo. E se o ateu e o capitalista se atrevessem a se perguntar se realmente a equação da revista Veja faz sentido, eles descobririam que não, pois como diz um grande convertido: "nosso coração foi criado para Ti e não descansa até que não descanse em Ti".
No final da reportagem da Veja com a capa “Cadê os bebês”, do dia 30 de Julho de 2008, lemos: “os resultados da pesquisa do Ministério da Saúde se chocam com as previsões do IBGE. Embora a taxa de fecundidade do país venha caindo desde os anos 70, o instituto previa que o índice de 1,8 seria alcançado apenas em 2043. O que provocou esta antecipação?” Para responder a esta questão as jornalistas vão buscar respostas nas diversas “transformações da sociedade”.
Uma delas é a crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho e segundo a socióloga Cristina Bruschini “hoje as mulheres trabalham não apenas por necessidade financeira. Elas querem participar da vida do país”. Imediatamente surge a pergunta sobre a vocação da maternidade, pois seguindo este raciocínio somente quem trabalha “fora” participa da “vida do país”. Que visão superficial da maternidade e da “participação”! A melhor participação que alguém pode dar a um país é lhe entregar pessoas maduras, verdadeiros cidadãos cristãos. E não é esta a missão da mãe? Formar pessoas? É preciso revisar nossa vocação, nossos valores, nossas prioridades, para não sermos escravos de ideologias que, como veneno, vão impregnando nossa maneira de pensar, de agir, de ser! “Não vos conformeis com o mundo... para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito”, exortava São Paulo (Rm 12,2) ” exortava São Paulo. Ah se fôssemos cristãos autênticos, esta nação seria de fato uma Terra de Santa Cruz! E o que estamos esperando para isso?
Por último a reportagem diz que a baixa taxa da fecundidade se deve ao “esclarecimento da população a respeito dos métodos contraceptivos”. Será? Será que a distribuição de cinqüenta milhões de pílulas e um bilhão de preservativos basta para “formar” os jovens, primeiras vítimas desta propaganda enganosa? Não é o aumento da gravidez na infância-adolescência fruto desta mentalidade? Temos que sair destas soluções superficiais pois a raiz do problema está, como sempre, na educação e neste caso em uma formação integral sobre a sexualidade para o homem e a mulher. E quem melhor do que a mãe para transmitir isso aos filhos?
O desconhecimento total da vocação matrimonial se vê na frase desta esposa, que falando sobre quantidade de filhos na reportagem, diz: “se tiver mais de um, meu marido me mata”. A própria reportagem diz de onde estas e muitas outras famílias tiram a motivação para pensar assim: “Os personagens de novelas discutem sexo e prevenção de gravidez – e nenhum deles costuma ter mais de dois filhos”. Ai de nós se estes pobres anti-modelos são aqueles que regem as nossas decisões.
Para o cristão a vontade de Deus é o seu guia, vontade refletida na vida dos santos, que sendo de carne e osso como nós, souberam responder ao chamado divino e se realizaram de fato! Eles sim nos devem inspirar! E a Patrícia e seu esposo mostram que isso é possível h-o-j-e!
Em vez da equação da revista Veja chegaremos a uma conclusão bem diferente: um país melhor e mais rico é fruto de pessoas que conscientemente e alegremente aceitam sua vocação, e a vocação da paternidade e maternidade tem a finalidade de formar não somente cidadãos, e sim santos, verdadeiros santos!
---
Nota da autora do blog: Quando a autora do artigo fala em "capitalistas" e "capitalismo", leia-se "capitalistas selvagens" e "capitalismo selvagem", de vez que a Igreja NÃO condena o capitalismo, mas apenas a sua distorção contrária à dignidade da pessoa humana.
Parece-me que os conceitos sobre “feminilidade” e “sensualidade” estão se misturando de tal forma em nossa sociedade, que as pessoas encontram dificuldades para diferenciá-las. Fui pesquisar em primeiro lugar como estão definidos no dicionário Aurélio e encontrei o seguinte:
Feminilidade = s.f. Qualidade, caráter, modo de ser, de viver, de pensar, próprio da mulher.
Sensualidade = s.f. Propriedade do que é sensual. / Inclinação pelos prazeres dos sentidos; amor das coisas ou qualidades sensíveis.
Sensual = adj. Relativo aos sentidos. / Que satisfaz os sentidos: prazeres sensuais.
A partir dessas definições, convido você para refletir comigo.
Gosto muito da definição dada pela Igreja sobre a sexualidade humana de acordo com o Conselho Pontifício para a Família: "Sexualidade humana: verdade e significado". Peço que leia com bastante atenção como a instituição criada por Cristo a vê: Há que salientar a importância e o sentido da diferença dos sexos como realidade profundamente inscrita no homem e na mulher: «a sexualidade caracteriza o homem e a mulher, não apenas no plano físico, mas também no psicológico e espiritual, marcando todas as suas expressões». Isto é, não se pode reduzir a sexualidade a um puro e insignificante dado biológico, mas, como nos diz a Igreja é «uma componente fundamental da personalidade, na sua maneira de ser, de se manifestar, de comunicar com os outros, de sentir, exprimir e viver o amor humano».
É importante entender que a resposta sexual não se limita ao comportamento sexual, mas a toda forma de sentir, pensar e desejar. Sexualidade envolve o homem total. Faz parte da constituição essencial da pessoa humana e é algo determinante, porque é a partir da sexualidade que nos relacionamos com o mundo.
Homens e mulheres pensam de forma diferente, agem de forma diferente, sentem de forma diferente. E como diz diácono Nelsinho Corrêa: “Diferenças não são barreiras, são riquezas”. E isso é plena verdade. Homens e mulheres são diferentes porque são complementares, um não é melhor do que o outro. Homens e mulheres devem ser iguais no direito à oportunidade de desenvolver plenamente sua potencialidade, mas, definitivamente, não são idênticos na sua capacidade inata.
Ao mesmo tempo que a sexualidade é parte constitutiva da nossa essência, não se trata de algo pronto, mas que, como tudo em nós, precisa ser desenvolvido até o último dia de nossas vidas.
Quero falar especialmente para as mulheres e fazer-lhes um convite: não tenhamos medo de assumir a nossa essência, sendo cada dia mais femininas. Não gastem energia querendo e buscando ser melhores do que os homens, querendo e buscando provar o seu valor. Somos diferentes e cada um de nós tem valor e dignidade própria pelo simples fato de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus. Ser mulher é dom, é graça.
Uma coisa, no entanto, temos que entender: ser feminina e ser sensual são coisas distintas. Na sensualidade existe um contexto biológico. Especialmente no período fértil, nos sentimos mais bonitas, sentimos vontade de nos vestir e de nos arrumar melhor, e assim por diante. São reações hormonais que têm como objetivo a procriação, então, o corpo se prepara para conquistar o homem por estar pronto para gerar uma vida. Muitas vezes, agimos assim sem nos dar conta disso. Além disso, a nossa sociedade, que tanto banaliza a sexualidade humana, incentiva por todos os meios possíveis a sensualidade, e nisso há uma imensa indústria que visa apenas o lucro. Posso citar também o fato de que todo ser humano traz dentro de si um impulso natural para o prazer, e a sensualidade gera na mulher uma elevação na autoestima, a faz sentir-se mais bonita, mais “poderosa”.
Por isso apresentei no início a visão da Igreja, para que possamos refletir sobre esse aspecto. Sexualidade não é algo apenas biológico, é bem mais do que isso. Quando nos deixamos levar por uma sexualidade sem sentido, como algo apenas biológico, o resultado quase sempre é o vazio. E a pessoa, geralmente, se torna prisioneira da sensualidade por uma necessidade de afirmação pessoal e, assim, o vazio tende a só aumentar.
É próprio da mulher o querer andar bem vestida, bem arrumada. Ser cristã não significa vestir-se de forma desleixada, por exemplo. Mas é ter consciência de que a verdadeira beleza vem do nosso interior. É ter consciência do nosso valor e dignidade de filhas de Deus e não nos deixar levar unicamente pelos sentidos, por nosso instinto sexual. Somos bem mais do que isso. Ser feminina não significa andar com roupas extremamente curtas, justas ou coisas semelhantes. Quanto mais o nosso exterior for um extravasamento do nosso interior, tanto mais bonitas e femininas seremos.
Com isso não estou negando a sexualidade nem a colocando como algo negativo, proibido. A nossa sexualidade faz parte do nosso ser, mas não somos apenas sexo. Nossa sexualidade, quando é vivida com dignidade, nos faz sentir plenos, completos, realizados.
O se deixar guiar e conduzir pela sensualidade, reflete, na maioria das vezes, a necessidade de afirmação pessoal, por um desconhecimento da beleza interior e até mesmo exterior que se tem. Muitas vezes, nos deixamos impregnar por uma imagem ideal: a transmitida pela mídia, mas que é uma beleza estereotipada, vazia.
Concluo reforçando o convite para todas as mulheres: não tenham medo de assumir a sua essência, e assim, ser cada dia mais femininas. Valorizem o dom que é ser mulher. Deixem fluir a beleza interior que vocês têm.
Por Interprensa/Ed. Quadrante | ||||||
| ||||||
Na obra "Marianela", de Perez Galdós, a protagonista pergunta ao cego a quem serve de guia se ele sabe distinguir o dia da noite. O cego responde: "É dia quando você e eu estamos juntos; é noite quando nos separamos". Marianela é uma jovem deformada por um acidente sofrido quando pequena. Somente seu amigo cego podia ver a beleza de seu interior sem se ater à superficialidade do seu corpo deformado. A cegueira dos olhos físicos era o princípio de luz de seus olhos interiores para ver os outros. Não julgava pela impressão sensível. Julgava pela beleza segundo a estatura moral da pessoa. Interessante forma de apreciar o mundo. Uma lição serena para uma sociedade ocidental tão angustiada pelo cuidado estético e, paradoxalmente, tão superficial no cultivo da interioridade. A beleza continua a ser uma enorme preocupação feminina. Mas, o que é realmente belo? APROXIMAÇÕES DO CONCEITO No século V a.C, os sofistas definem a beleza como "o que era agradável à vista ou ao ouvido". Com essa definição, a "beleza" começa a distinguir-se do "bom". Mais tarde, os estóicos propõem uma nova definição: "aquilo que possui uma proporção apropriada ou uma cor atrativa". Aristóteles define a beleza como "aquilo que, além de bom, é agradável". Como vemos, enquanto os sofistas privilegiam o atrativo sensível que provoca o objeto belo, os estóicos ressaltam o equilíbrio interno entre as partes do objeto. Aristóteles, por sua vez, assume uma postura intermediária que concilia ambas as teorias. Junto a estas tentativas de definir a beleza, a Antigüidade agregava outros elementos, tais como a proporção, o ordenamento das partes e as inter-relações que se estabeleciam entre elas. A esta proporção, cujo fundamento está inscrito na mesma natureza e cujo paradigma máximo é o corpo humano, dá-se o nome de "simetria". Retomando a idéia de "iluminação" como parte substancial da beleza, São Tomás de Aquino fala da beleza como "esplendor da forma". Sempre houve uma associação natural entre bondade e beleza. VARIÁVEL COMO A MODA Apesar disso, o conceito de beleza muda segundo as culturas e os tempos. Na antiga literatura chinesa, o conceito de "mulher bela" se refere a um ser delgado e frágil. Em um país como o Japão, a definição de beleza também parece ter variado segundo a época. As mulheres bonitas que foram representadas em impressões em madeira durante o período Edo, tinham uns rostos compridos, olhos largos e bochechas grandes e proeminentes. Não obstante, no período posterior à Segunda Guerra Mundial, as mulheres de aparência masculina passaram, de repente, a ser consideradas atrativas. Isto falando brevemente da beleza de traço oriental. Nem sequer podemos compará-la aos moldes ocidentais do século XXI, no qual a mulher pálida... Como é possível haver estandartes de beleza feminina tão diferentes na sociedade? As mulheres têm a tendência a cair na armadilha que as faz querer se encaixar no molde de "beleza" estabelecido pelas tendências sociais de cada época. O propósito desta interminável busca, e o objeto ao qual se busca, costumam ser esquecidos. Que beleza se busca? A do parecer ou a do ser? Para quem essa beleza é conquistada: para quem a adquire ou para os outros? DIFÍCIL ESQUECER A APARÊNCIA Hoje em dia vemos rostos com sorrisos artificiais, operações cirúrgicas para evitar as rugas, lipoaspiração, injeções de silicone para modelar corpos que não têm outro defeito a não ser o desgaste natural provocado pelo tempo. Venderam-nos uma imagem de mulher que valoriza a aparência, mas se esquece "dela", da mulher como pessoa. À força de ver modelos esbeltas, sem nenhum defeito externo e com medidas impossíveis, aceitamos que o ideal de beleza que nos permite entrar pela porta grande do mundo é semelhante ao da Miss Universo coroada no concurso do ano. E ainda que muitos de nós concordemos ao ler idéias semelhantes a estas - e inclusive criticamos o uso que se faz da mulher na publicidade - no fim, caímos no mesmo jogo que nos é proposto e somos os primeiros a preocupar-nos com a passagem do tempo (e não precisamente porque nos aproximamos da morte). Inquietam-nos os primeiros cabelos brancos ao cruzar o umbral dos 30, dos 40, dos 50 anos. No fundo também nós identificamos juventude e beleza, porque nossa bandeira estética também se reduz à margem do superficial e sensível. Onde está a luz do dia interior da qual fala o cego? Por que não a vemos? Porque esta luz deve ser procurada com olhos interiores, em silêncio e na quietude que permite ver o invisível, que é realmente valioso. BASTA SABER OLHAR BEM O rosto de uma mulher que foi marcado por numerosas tormentas da vida pode ser belo. Seja qual for sua idade, a beleza de uma mulher que resistiu às dificuldades da vida brilha com um esplendor que se destaca, tal como ocorre com os vincos da madeira, cuja beleza tende a ser mais profunda com o passar dos anos. Há rostos de mulheres anciãs que irradiam algo que não se vende em nosso século: uma beleza pacífica, serena. Essa beleza cresce com o tempo, porque o tempo aquilata e purifica o que nos faz grandes: a capacidade de amar que possui o ser humano. O passar silencioso e constante dos anos engrandece a mulher que viveu em ordem ao "dar-se" e não ao "buscar-se". Por isso, um rosto ancião pode ser atrativo. Talvez detrás de olhos compassivos se escondam muitas lágrimas; detrás de rugas maquiadas se oculta muita dor, porque o amor é doação, é buscar o bem objetivo do outro. Por isso, com freqüência, o amor dói. O amor não é uma maquiagem que se tira de noite; sua marca na pessoa é indelével e não se apaga com o passar do tempo. Mais além dos sentimentos, da emotividade quase de origem física, esta capacidade oculta no ser humano lhe permite eleger livremente o que é difícil, doloroso e desinteressado, apenas para fazer alguém feliz. A mulher, que por vocação está chamada a educar o homem na arte do amor desinteressado, é verdadeiramente bela quando é fiel a si mesma, ainda que seu cabelo faça reluzir a cor branca e suas mãos estejam trêmulas. Dizia Agostinho de Hipona: "apenas a beleza agrada". E se não é muita pretensão, podemos acrescentar: "apenas a beleza interior agrada sempre". | ||||||
Aline Rocha Taddei Brodbeck
é católica, casada e mãe de cinco filhos.
Também é advogada e professora, e mora no Rio Grande do Sul.
Saiba mais sobre Aline e o blog clicando aqui.
Contato: aline@blogfemina.com
Saia floral com pregas sempre é sinônimo de feminilidade, né? Agora, prestem atenção nessa que estou vestindo e digam se não é perfeita. ...