Estou “pagando pela minha língua”, pois acabei de deixar minha filhinha em uma escolinha. Sempre achei um crime colocar crianças com menos de 3 anos em escolinhas. Pela primeira vez ficamos separadas de fato. Senti um misto de dor, tristeza e culpa.
Culpa? Sim, esta sempre passou a me acompanhar desde que me tornei mãe. Culpa por deixá-la e culpa maior ainda por também ter sentido certo alívio. Desde que me tornei mãe em tempo integral, há 10 meses e meio venho recuperando o gosto de ser “eu”. Eu tinha a opção de ficar em casa, sendo apenas mãe e dona-de-casa. Mas sei que isto não é o melhor para minha filha e nem para mim.
Ela precisa sair e enfrentar o mundo, pois percebo sua personalidade mais retraída. Sem contar que ela adora passear e ver outras pessoas. E eu preciso voltar a trabalhar, enfrentar novamente a realidade do mundo, sei que Deus me pede para que eu vá, não sou vocacionada a ficar somente em casa. Seria fácil e até bom demais para mim. Também não quero daqui a 20 anos, quando ela sair de casa, ficar com aquele sentimento de abandonada, fazendo chantagem para que ela viva em função de mim como eu vivi em função dela. Eu sei que não define ela estar em uma escolinha isto, mas foi o primeiro passo para que eu comece a preparar minha cabeça para criar meus filhos para o mundo. Sei que sou apenas babá de Deus. Entretanto, o ego vai enchendo cada vez que ela SÓ dorme comigo, SÓ mama comigo, SÓ quer o meu colo. Por isso que para MIM foi ultra-necessária esta separação.
Uma vez uma tia me falou que a maternidade é uma doença. E é verdade, contraída pelo resto da vida. A gente tem a sensação que sempre foi mãe. Não me imagino mais sem a Maria Antônia. Ela passou a ocupar todos os lugares de minha vida. Passo o dia pensando (e fazendo) no que tenho que fazer, colocando-a sempre no primeiro plano. Controlo-me para não pensar que só o meu jeito é o correto, que sou indispensável em sua vida e todas aquelas besteiras que as mães pensam.
Se bem que estou fazendo tempestade em copo d’água. Pois ela simplesmente deu os bracinhos para a dona da escolinha e nem quis mais saber da mamãe. Ficou lá brincando enquanto olhava encantada para outra menininha.
Mais uma vez, vejo como Deus é pedagógico. O tanto que julguei, que fiz regras de condutas de mãe, apontei defeitos em outras mães, só serviram para me mostrar que somente estando em determinada situação é que sabemos como e o porquê de agirmos de tal forma.
Precisei ser mãe para achar que dormir seis horas seguidas é o melhor sono do mundo, que comer uma refeição completa, sem interrompê-la, tem um sabor maravilhoso, que apenas pentear o cabelo e colocar um par de brincos pode te transformar, enfim... A maternidade me ajuda a vencer meus mais difíceis e mesquinhos defeitos.
E sabem o que mais? É muito divertido ser mãe, e, apesar de tudo, é uma grande aventura. E quando vencemos essas “barreiras”, como hoje, de saber que não sou insubstituível, é maravilhoso, pois percebo que Nosso Senhor está mais próximo de mim e uno meu sofrimento de mãe à melhor e mais perfeita Mãe do mundo. Esta, sim, foi capaz de permitir que seu Filho passasse as piores dores, consolou os de sua volta e o criou para a cruz.
Desejo, sinceramente que Nossa Senhora me ajude na tarefa de criar meus filhos para suportarem suas cruzes, pois esta cruz eu não sei e nem consigo levar sozinha.