A dignidade da mulher e a bênção das diferenças sexuais

sexta-feira, outubro 06, 2017

A dignidade da mulher e a bênção das diferenças sexuais

Homem e mulher são não apenas criaturas de Deus, mas criaturas à Sua imagem e semelhança, com uma natureza toda especial. E por isso, o homem e a mulher são dignos. Há uma dignidade intrínseca compartilhada por homem e mulher, e isso se deve a serem ambos imagem e semelhança do Altíssimo.

A dignidade da mulher, portanto, procede primeiro de sua natureza humana, e nisso é a mesma dignidade que tem o homem. Igual ao homem em essência, criada, pois, por Deus, é digna por si só, é digna por ser imagem e semelhança do Criador, é digna por sua ontológica liberdade, por sua vontade, sua idoneidade intelectual, exatamente como é o homem. 

Sem embargo, há uma fonte de uma sua dignidade, digamos, feminina: a capacidade de ser mãe. É interessantíssima a leitura da Catequese de São João Paulo II proferida em 12/03/1980, que se insere na chamada Teologia do Corpo, e menciona revelar-se o mistério da mulher justamente na maternidade. 

A dignidade da mulher e a bênção das diferenças sexuais

A maternidade, ainda que não se efetive em todas, por vocação ou por alguma impossibilidade física ou psicológica concreta, está presente em potência no sexo feminino in abstractu, e é ela que faz a mulher ainda mais semelhante a Deus em seus acidentes. Como o Pai gera o Filho, a mulher pode gerar sua prole. É uma participação toda especial no ato criador do Altísssimo. E isso a faz toda especial, tanto quanto o homem em sua essência, e, ousamos, mais do que ele em seus acidentes por esse caráter sagrado de gerar vida. Mais ainda: em Cristo, a dignidade da mulher foi ainda mais elevada, dado que a uma mulher, Maria Santíssima, foi dado ser a Mãe do Senhor. “Assim a ‘plenitude dos tempos’ manifesta a extraordinária dignidade da ‘mulher’. Esta dignidade consiste, por um lado, na elevação sobrenatural à união com Deus, em Jesus Cristo, que determina a profundíssima finalidade da existência de todo homem, tanto na terra, como na eternidade. Deste ponto de vista, a ‘mulher’ é a representante e o arquétipo de todo o gênero  humano: representa a humanidade que pertence a todos os seres humanos, quer homens quer mulheres. Por outro lado, porém, o evento de Nazaré põe em relevo uma forma de união com o Deus vivo que pode pertencer somente à ‘mulher’, Maria: a união entre mãe e filho. A Virgem de Nazaré torna-se, de fato, a Mãe de Deus.” (São João Paulo II. Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, nº 4)

É por isso que no tempo em que o Evangelho governava os povos, no dizer do Papa Leão XIII, i.e., na Idade Média, os homens honrados sabiam ser seu dever louvar a mulher, colocando-a em um pedestal, protegendo-a. Daí as historietas dos cavaleiros andantes, salvando as moçoilas, defendendo as princesas. 

E hoje, tão afastadas que estamos desses valores medievais, entramos em uma crise de feminilidade que o feminismo não consegue resolver.

A dignidade da mulher e a bênção das diferenças sexuais

Santo Tomás diz que a mulher foi formada da costela, i.e., do lado do homem, “para significar que deve haver união entre o homem e a mulher. Pois, nem esta deve dominar aquele e, por isso, não foi formada da cabeça; nem deve ser desprezada pelo homem, numa como sujeição servil, c por isso não foi formada dos pés.” (S. Th., I, Q. 75, a. 3)

O Senhor criou homens e mulheres diferentes. Essa diferença é o que torna o gênero humano dividido em dois sexos. E se são dois sexos há, além da igualdade essencial, alguma coisa que os torna diferentes um do outro. Do contrário, não haveria homem e mulher. E se Deus criou os dois, macho e fêmea, homem e mulher, Adão e Eva, sexo masculino e sexo feminino, foi com um propósito: a complementariedade. Eva é criada da costela de Adão, saindo, pois, uma da carne do outro. E o homem quando casa com a mulher se torna com ela uma só carne: voltam a ser um só. Esse simbolismo é muito bonito. No início eram um, separam-se e se unem novamente pelo casamento. Eva é tirada da costela de Adão justamente para que com ele se una novamente, mas, ao mesmo tempo, Adão não esteja só (cf. Gn 2,18).

A complementariedade sexual se dá em diferentes níveis e em diversas áreas. O comportamento, a estrutura psicológica e mental, o modo de expressar as afeições, o aspecto biológico (músculos, tamanho, hormônios, gônadas, cavidade vaginal X pênis, menstruação, seios, diferenciação esquelética e metabólica etc), a anatomia e a fisiologia, tudo isso são diferenças sexuais, e, criadas por Deus, são uma bênção. Nada do que Deus é mau. “Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom.” (Gn 1,31)

A dignidade da mulher e a bênção das diferenças sexuais

Diferenciando-se o homem e a mulher em seus pensamentos, em seu agir, em suas emoções, no modo de se expressar, e na anatomia, bem como em funções biológicas, um enriquece o outro e juntos podem se complementar e se ajudar. Santo Agostinho defende claramente, em uma obra sua sobre a continência, a bondade da diferenciação sexual (cf. De cont. c. 9, n. 23 [PL 40, 364-365]).O homem tende à mulher, e a mulher tende ao homem, porque juntos se unem exatamente em função dessas diferenças criadas por Deus, a que se chamou sexo. As diferenças sexuais se manifestam até mesmo no modo como marido e esposa praticam a relação sexual e entregam seus corpos um ao outro. Aliás, é a falta de pleno conhecimento das diferenças sexuais, e de seu caráter positivo tal qual estabelecido por Deus que deixa muitos casais frustrados, mesmo aqueles que firmaram seu compromisso em Cristo diante do altar. 

Ademais, essa diferença que é uma bênção não pode ser anulada nem mesmo por uma concepção extremista do pudor, negando o que é propriamente feminino no nosso corpo, que é bom. É uma tentação ser puritano quando falamos em castidade, pudor e pureza, eu sei. Parece-me que, por vezes, estamos entre dois exageros: a exposição desmedida do corpo, em nome do falso princípio de que o que é bonito é para se mostrar, e a cobertura demasiada do corpo ou “enfeiamento” das vestes, em um desprezo não só da elegância e da pulcritude, como do próprio corpo, em uma noção um tanto gnóstica tão cara aos cátaros.

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